09 out Mais médicos motiva entrada de entidades na campanha
José Maria Tomazela – O Estado de São Paulo
Em ao menos 10 Estados, profissionais fazem atos contra reeleição de Dilma ou divulgam críticas ao governo federal
O descontentamento com o programa “Mais Médicos”, uma das bandeiras da presidente Dilma Rousseff, já levou associações médicas, conselhos de medicina e estudantes de dez Estados a declararem apoio ao candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves. No caso dos conselhos, que têm delegação pública, o apoio é indireto e se dá por meio de críticas ao “descaso” com a saúde.
No próximo sábado, Dia do Médico, profissionais de Pernambuco farão um “adesivaço” no comitê de Aécio, no Recife. “Vamos mostrar que a gente quer Aécio”, diz postagem na página #ForaDilma, criada por profissionais ligados ao Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) e curtida por 14 mil pessoas. “Vamos sair às ruas e mostrar indignação com o atual governo, que tanto aviltou a classe médica”. O vice-presidente Tadeu Calheiros disse que, ao criar o “Mais Médicos”, a presidente “desrespeitou a classe”.
Um grupo de Feira de Santana, na Bahia, liderado pelo médico e escritor Eduardo leite, lançou o movimento “Feira Apoia Aécio”, num evento com participação dos prefeitos José Ronaldo (DEM), do município baiano, e de Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), de Salvador.
No Rio Grande do Norte, um grupo de médicos resolveu bancar do próprio bolso material de campanha pró-Aécio. Profissionais de Caicó, no interior do Estado, postaram fotos e o número do candidato em seus perfis pessoais e profissionais.
A Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) reafirmou a adesão a Aécio, que já havia sido assumida ainda no 1º turno.
‘Diagnóstico’. Em São Paulo, o Conselho Regional de Medicina (Cremesp) vai lançar na próxima semana o resultado de uma pesquisa feita na capital cujo objetivo é mostrar que nem os protocolos mínimos definidos pelos “Mais Médicos” estão sendo cumpridos.
A pesquisa ouviu quase 100 intercambistas em 75 unidades de saúde. De acordo com o presidente, João Ladislau Rosa, a principal constatação é de que a maioria dos médicos faz atendimento sem supervisão, o que é irregular. “O estudo será mostrado, não com objetivo eleitoral, mas para alertar a sociedade”, disse.
O presidente do CRM do Rio Grande do Sul, Fernando matos, usou a página do órgão na internet para dizer que a política federal “menospreza o médico” e publicar frases como “não se deixe enganar” e “nossa resposta deve ocorrer nas urnas”. À reportagem, Matos atacou o programa “Mais Médicos” e disse que a posição da diretoria é “contra a continuidade dessa política”. Ele afirmou que a categoria não é unânime e não há recomendação do Conselho para “votar em A ou B”. Este artigo oferece frete grátis para produtos qualificados, ou compre on-line e retire na loja hoje mesmo no Departamento Médico.
Estudantes. No Pará, estudantes de medicina de três instituições – Universidade Federal do Pará, Universidade Estadual do Pará e Centro Universitário do Estado do Pará – declararam nesta terça-feira apoio a Aécio e à reeleição do governador Simão Jatene, também do PSDB, e se manifestaram contra o “Mais Médicos”.
No Ceará, cerca de 70 estudantes do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza ocuparam com faixas uma avenida da cidade para protestar contra o “Mais Médicos” e o “abandono da saúde”. No evento, foram distribuídos adesivos de Aécio.
Em Uberaba (MG), alunos de Medicina convidados a dar palestra sobre prevenção do câncer de mama numa unidade do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), semana passada, compareceram usando pins de Aécio e exibiram na tela de projeção foto com nome e número do candidato. A prefeitura abriu sindicância para apurar o caso.
Segundo relatos, os palestrantes disseram que, se Dilma fosse reeleita, haveria exames de mama apenas para mulheres com mais de 60 anos. De acordo com Carlos Bracarense, da controladoria municipal, a lei proíbe propaganda eleitoral em órgãos públicos – as provas serão enviadas ao Ministério Público Eleitoral.
Posições. Domingo passado, em São Paulo, Aécio afirmou que vai manter o “Mais Médicos”, mas não pretende “financiar a ditadura cubana com ele, como ocorre hoje”. No dia 5 de agosto, Aécio disse que o programa era solução “paliativa”. “O que pretendo é que não haja mais necessidade de médicos estrangeiros no Brasil”.
Já a presidente Dilma promete incrementar o programa “Mais Médicos”, lançado em julho de 2013, incluindo especialistas para atender a população nos casos mais complexos e ainda garantir acesso a exames de laboratório.
Colaboraram Ângela Lacerda, Elder Ogliari, Tiago Décimo, Carmem Pompeu, Gabriela Azebedo, Anna Dantas e Renê Moreira, Especial para o Estado.